terça-feira, janeiro 30, 2007

Trocas meridionais (3.1)

Marcel Leroux (Estocolmo, 11-12 Set. 2006, trad. Rui G. Moura)
(continuação)
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3 – Circulação nas baixas camadas: Anticiclone Móvel Polar (AMP)

Os conceitos clássicos da circulação geral dão preferência às camadas superiores [da atmosfera - NT]. Supõem que estas comandam o estado do tempo e o clima. Os modelos não são construídos a partir de um esquema de circulação geral.

Pelo contrário, «esta é que se supõe despontar dos modelos». Nós rompemos com esta afirmação e damos prioridade absoluta às observações directas e aos factos reais. Consideramos que os níveis inferiores [da atmosfera] são de primordial importância em climatologia.

As camadas inferiores são mais densas e contêm quase todo o vapor de água. A circulação é muito mais complexa nas camadas inferiores do que nas superiores. Consideramos também que um conhecimento – a priori – da estrutura geral permite-nos colocar no sítio certo todos os fenómenos meteorológicos. Evita-nos imaginar relações hipotéticas mas irrealistas sem ter previamente estabelecido as relações físicas.

Como toda a gente sabe, os pólos são o ponto de partida do ar frio. As trajectórias do ar frio são determinadas por factores dinâmicos e geográficos. Os AMP saídos dos Pólos Norte e Sul são encaminhados para os Trópicos. Entretanto, o ar frio aquece e transforma-se em ventos alísios e monções. Finalmente, estes ventos juntam-se ao longo do equador meteorológico.

O ar frio polar organiza-se sob a forma de um conjunto móvel constituído por um anticiclone, voltado a leste, envolvido parcialmente por uma depressão ciclónica.

Fundamentalmente, o AMP (Fig. ML6) é igualmente responsável pelo transporte de ar frio a partir dos pólos e pelo transporte de ar quente para os pólos. [Na Fig. ML6, as cores diferenciam o ar frio – azul – do ar quente, ou menos frio – vermelho]. O estado do tempo associado [a estes transportes] é uma função da densidade do ar frio (que evolui ao longo do trajecto):

- O ar frio denso, ligado à circulação anticiclónica, comanda a estabilidade e o tempo frio (geralmente) ou quente. O tempo depende de cada AMP e da sua própria evolução em cada estação, em cada latitude e, especialmente, da sua mobilidade.

- O ar quente leve, da circulação ciclónica, vindo do sentido sul [no HN], no corredor periférico e na depressão (ciclone) imprime movimentos ascendentes e uma coroa de nuvens em torno do AMP. Deve-se destacar, aqui e agora, pela razão das passagens incessantes de ar quente e de ar frio durante o deslocamento dos AMP, que os valores da temperatura média têm, inevitavelmente, um significado [físico] relativo.

A transferência, pela circulação ciclónica, de ar tropical em direcção ao Pólo Norte [ML raciocina, quase sempre, em relação ao HN] acima e lateralmente ao AMP, necessita muitas vezes da participação de vários AMP que se relacionam entre si.

Mas um vasto AMP pode muitas vezes ser o suficiente para transferir, directamente, o ar quente e o calor latente dos Trópicos para a região dos pólos. Como o ar frio é denso, resulta que os AMP são peliculares, em forma de disco, com uma espessura média de cerca de 1000 a 1500 metros.

O deslocamento de um AMP é, consequentemente, bastante influenciado pelo relevo. Especialmente pelos alinhamentos compridos como as Montanhas Rochosas e a Cordilheira dos Andes. Estes [alinhamentos geográficos] são intransponíveis pelo ar frio.

(continua)

Fig. ML6

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domingo, janeiro 28, 2007

Fig. ML5

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Trocas meridionais (2)

Marcel Leroux (Estocolmo, 11-12 Set. 2006, trad. Rui G. Moura)
(continuação)
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2 – Temperatura do Árctico

A região do Árctico deveria ter sofrido fortes alterações, especialmente na temperatura, se tivesse acontecido o que Arrhenius (1903) proclamou: «o efeito das alterações terá o seu máximo na vizinhança do pólo». O IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change), em 2001, reforçou as profecias de Arrhenius e previu um aumento considerável da temperatura nas latitudes elevadas, particularmente no Inverno: «prevê-se o aquecimento de mais de 10 ºC em zonas do norte do Canadá e da Sibéria, durante o Inverno».

Quais seriam as causas físicas para atribuir uma presumível subida da temperatura idealizada tanto por Arrhenius como pelo IPCC:

- Uma mais intensa contra-radiação, especialmente no Inverno (quando não há radiação solar)?

- Um mais intenso efeito de estufa próximo do pólo? Mais CO2? Mais vapor de água?

- Uma intensificação da transferência meridional de ar quente mesmo tendo em consideração que as transferências são mais lentas durante os períodos quentes (Leroux, 1993)?

As causas eventuais, nas proclamações de Arrhenius e do IPCC, não são claras. A primeira negação para aquelas previsões, nomeadamente a do IPCC, é dada pelos próprios factos entretanto verificados na região do Árctico.

As características da temperatura do Árctico atlântico estão explicitadas no relatório Arctic Climate Impact Assessment (ACIA, 2004). A ACIA avaliou o período 1954-2003 [meio século – NT] que se traduz na parte superior da Fig. ML5. A figura, naquela parte superior, mostra como algumas regiões arrefeceram enquanto outras aqueceram. O arrefecimento e o aquecimento tiveram, respectivamente, o mesmo valor de aproximadamente ± 1 ºC à escala anual e ± 2 ºC na escala do Inverno.

Que lições tiramos desta observação real do passado recente? Eis algumas:

- A região do Árctico não está submetida a uma evolução homogénea.

- Os campos térmicos são idênticos na escala anual e na escala invernal. Significa que os mecanismos climáticos são (claro) sempre os mesmos ao longo de todo o ano, embora com resultados distintos.

- Os Invernos, com uma maior extensão fria, mostram um aumento em intensidade – de aquecimento e de arrefecimento – e, portanto, revelam uma intensificação do mesmo processo climático.

- No norte do Pacífico [da região árctica] observa-se também um arrefecimento no lado da Sibéria oriental, particular e forte, durante os Invernos (Chapman et Walsh, 2004). Mas regista-se um aquecimento no Alasca e nas suas franjas onde se verificaram os maiores aumentos de temperatura do Hemisfério Norte.

Visto que estas observações de factos reais são entendidas a favor de um conhecimento dos fenómenos meteorológicos, é inevitável levantarem-se, especialmente, algumas questões, a saber:

- Qual é a causa de uma tal distribuição organizada em áreas de aquecimento e/ou arrefecimento?

- Qual é a causa das variações sazonais em intensidade que afectam tanto o aquecimento como o arrefecimento?

É, logicamente, impossível ir muito longe, do passado recente (observação) ao futuro longínquo (predição) sem uma resposta segura a estas questões fundamentais.

Não obstante, sem qualquer reflexão séria no padrão de temperatura e em toda a busca das possíveis causas, a ACIA salta sem escrúpulos a fronteira entre o conhecimento e os cenários gratuitos do IPCC. Os factos reais são falsificados, por estes organismos, o método científico é espezinhado e concluem: - a causa «é», indubitavelmente, a relação EE/CO2!

Como mostra a Fig. ML5, na parte inferior, a região do Árctico tornar-se-ia vermelha no seu todo, mesmo que nesse futuro os padrões de temperatura não tenham nada a ver com a realidade. Que género de mecanismo climático pode comandar um aquecimento mais elevado junto ao pólo, mais quente do que em outras partes do seu próprio hemisfério, especialmente no Inverno?

Numa história de tal modo estranha donde viria o ar frio? Esta previsão tão insensata, obtida através de modelos, é um desastre perfeito. Só foi possível atingi-lo porque não se diagnosticaram correctamente as causas do passado. O mau resultado seria conhecido de antemão pela simples razão de o modo de cálculo consistir numa regra de três simples…

A ACIA (deliberadamente?) ignora as condições meteorológicas da região do Árctico. [Nesta ignorância pode-se acrescentar a NOAA e a NASA.] Para a ACIA, o Árctico é uma região demarcada, isolada, fechada, sem qualquer troca de massas de ar com as regiões vizinhas ou com o hemisfério meteorológico nortenho.

Para o Árctico, como para o Antárctico, admitir uma tal situação – herdada de uma visão estática dos modelos sem considerar a existência real da circulação atmosférica – é um desacerto: os pólos são ambos pontos de partida do ar frio e de retorno do ar quente.

Ar frio e quente que seguem caminhos bem organizados que explicam a distribuição regional das temperaturas daí resultantes. Este género de raciocínio poderia ser usado por alguém que pretendesse estudar, por exemplo, o clima do Mediterrâneo.

Começando por fechar hermeticamente todas as entradas e saídas de ar. Ou seja, sem entrada de ventos frios do Norte e de ventos quentes do Sul. Espantoso, não é? A ACIA tem, entretanto, exactamente o mesmo tipo de pensamento ao prever o aquecimento geral para o Árctico…

As incoerências da ACIA colocam várias questões. A primeira consiste em saber donde vêm o «frio» e o «calor». A segunda, se o Árctico – ou qualquer área – pode ser independente da dinâmica geral.

É necessário, agora e de agora em diante, destacar que é impossível considerar um elemento ou uma área sem tomar em consideração os outros elementos do conjunto em todas as escalas do espaço e do tempo.

A estrutura geral das alterações do clima é a circulação geral e o principal factor desta circulação é o AMP: Anticiclone Móvel Polar (Leroux, 1983, 1993, 1996, 1998, 2001, 2005).

(continua)
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Referências bibliográficas
-Leroux, Marcel (1993). The Mobile Polar High: a new concept explaining present mechanisms of meridional airmass and energy exchanges and propagation of changes. Global and Planet Change, 7. 69-93.
- ACIA (2004). Arctic Climate Impact Assessment (http://www.acia.uaf.edu/)
- Chapman, W. I. et Walsh, J. E. (2004). Observed climate change in the Arctic. Recent variations of sea ice and air temperature in high latitudes. In ACIA, 2004.
- Leroux, Marcel (1983). Le climat de l’Afrique tropicale. T1 : 636 pp., T2 : notice et atlas de 250 cartes. Ed. Champion-Slatkine, Paris-Genève.
- Leroux, Marcel (1996, 2001). La dynamique du temps et du climat. Masson-Sciences, Dunod, 367 pp.
- Leroux, Marcel (1998). Dynamic analysis of weather and climate. Wiley-Praxis series in Atmospheric Physic., 365 pp.
- Leroux, Marcel (2001). The Meteorology and Climate of Tropical Africa. Springer-Praxis, 550 pp. + CD.
- Leroux, Marcel (2005). Global warming, myth or reality ? The erring ways of climatology. Praxis-Springer, 509 pp.

sexta-feira, janeiro 26, 2007

Trocas meridionais (1)

Marcel Leroux (Estocolmo, 11-12 Set. 2006, trad. Rui G. Moura)
(continuação)
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1 – Ciclones tropicais

Examinemos, por exemplo, a evolução recente dos ciclones tropicais. Os teóricos do «global warming» afirmam: «mais calor = mais chuva = mais tempestades = mais ciclones». Com uma «prova irrefutável»: Katrina!...

Mas o que nos diz uma observação mais cuidadosa? A evolução dos ciclones tropicais ao longo do período 1949-2002, no noroeste do Atlântico Norte (Fig. ML1) não revela qualquer tendência. Já no nordeste do Pacífico (Fig. ML2) o número de ciclones aumentou razoavelmente (Barbier, 2004).

No entanto, a evolução da temperatura do ar, tanto no Mar das Caraíbas (Fig. ML3) como no nordeste do Oceano Pacífico (Fig. ML4), nega fortemente a existência de uma relação entre temperatura e evolução dos ciclones.

As verdadeiras razões de tais comportamentos diferentes devem ser, portanto, procuradas noutros fenómenos em vez da hipotética relação simplista em que entra a temperatura.

Sabemos que a ciclogénese tropical requer a ligação simultânea das seguintes circunstâncias físicas fundamentais (Leroux, 1983,1988):

- A existência preliminar de um campo de depressões nas baixas camadas,
- O desencadear de uma ascensão ditada por um processo dinâmico,
- A formação e a acentuação de um vortex,
- A auto-sustentação de uma ascensão pela libertação de energia (advecção) [transporte horizontal - NT] por correntes de ar quentes e húmidas, alísios e monções),
- Uma estrutura vertical favorecendo a ascensão (sem estratificação, subsidência [pressão vertical de cima para baixo] ou ventos cortantes).

Todas estas condições, com mais algumas outras específicas, que são difíceis de reunir numa mesma ocasião, devem substituir a condição única da temperatura do ar ou do mar! A observação mostra claramente que nas causas físicas reais não está incluído o hipotético binário EE/CO2.

(continua)
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Referências bibliográficas
-Barbier, Emmanuel (2004). La dynamique du temps et du climat en Amérique Central. Tese Universidade de Lyon.
-Leroux, Marcel (1983). Le climat de l’Afrique tropical. Tomo 1: 636 pp. Tomo 2: Notas e Atlas com 250 mapas. Ed. Champion-Slaktine, Paris-Genève.
-Leroux, Marcel (1988). Dynamic analysis of weather and climate. Wiley-Praxis série Atmosphere Physics, 365 pp.
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P. S. Para memória futura que a meteorológica é curta: - Rasgada a aglutinação anticiclónica, anticiclones móveis polares cobriram de neve a Europa e parte considerável da Espanha. Alguns farrapos atravessaram a fronteira alentejana. Os AMP desembaraçaram-se dos Montes Cantábricos mas pintaram de branco a areia das praias biscainhas.

Fig. ML1, ML2, ML3, ML4

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quinta-feira, janeiro 25, 2007

Trocas meridionais (0)

Marcel Leroux
Prof. Jubilado da Universidade Jean Moulin, Lyon, França
Laboratório de Climatologia de Lyon (Centre National de la Recherche Scientifique)

(Simpósio de Estocolmo, 11-12 de Setembro de 2006, trad. Rui G. Moura)

A meteorologia - climatologia vive presentemente uma situação paradoxal. Por um lado, como toda a gente sabe, são necessários longos e penosos anos de estudo para se conseguir dominar esta matéria.

Mas, por outro lado, na discussão de todos os tópicos relacionados com meteorologia - climatologia, a explicação é sempre a mesma: o responsável por todos os fenómenos é o famoso efeito de estufa (EE) e, especialmente, o CO2!

- Se o par EE/CO2 cresce, então …[diz-se que – nota do tradutor] a temperatura (T) aumenta, …as ondas de calor (dog days) aumentam…a temperatura dos pólos alcança o mais elevado aumento…

- Se EE/CO2 + T cresce, então …[diz-se que] a precipitação (P) aumenta, …o número de tempestades e de ciclones aumenta…

Estamos perante uma climatologia primária. Resumidamente, [diz-se que] os mantos de gelo fundem…o nível do mar sobe…tudo cresce cada vez pior…e, embora as observações nada provem, o par EE/CO2 tornou-se na panaceia – na chave – dos fenómenos meteorológicos e climáticos.

Com uma teoria “científica” tão simplificada, quase seria desnecessário fazer a pergunta fundamental: - Perante estas afirmações “teóricas” qual é a realidade observada? Confirmam-se estas fantasias?

(continua)

terça-feira, janeiro 23, 2007

Conceitos modernos da climatologia

Marcel Leroux apresentou a comunicação «Meridional air exchanges drive the climate changes» no simpósio de Estocolmo. A maior parte do conteúdo da sua intervenção foi sobre matéria conhecida dos leitores do Mitos Climáticos.

Começou por salientar que o Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) nunca apresentou qualquer prova da hipotética relação entre as emissões antropogénicas e as variações das temperaturas, as ondas de calor, a situação do Árctico, as cheias, as secas, o nível dos oceanos, etc., etc.

As observações da realidade climática não conduzem aos resultados das teorias propostas nos relatórios do IPCC. Não existe uma única prova. Apenas simulações com modelos climáticos fornecem resultados que são a panaceia das conjecturas do IPCC.

Reconhecendo a importância desta comunicação, Mitos Climáticos vai ocupar-se dela nos próximos posts. A tarefa poderá prolongar-se no tempo devido à sua extensão (19 páginas, 46 figuras). Corre-se o risco de as figuras não serem sempre de qualidade. Mas o texto é uma lição de climatologia moderna.

Pode-se afirmar que existe uma climatologia antes de Marcel Leroux e outra após Marcel Leroux. Este cientista francês levou mais de 30 anos a reflectir quanto à necessidade de encontrar melhores explicações para os fenómenos reais que não batiam certo com as clássicas. E chegou a conclusões que constituem um avanço para esta ciência.

A sua inspiração surgiu no domínio da meteorologia tropical. Marcel Leroux nasceu na Tunísia, ainda antiga colónia francesa. Estudou na sua cidade natal, Cartago, e iniciou a carreira em África. Começou por ser especialista do clima do continente africano.

Em 1983 publicou uma obra encomendada pela Organização Meteorológica Mundial: «Le climat de l’Afrique continental». Foi durante a preparação desta obra que, ao estudar a estrutura vertical da troposfera, encontrou insuficiências na teoria clássica do designado modelo tricelular (conceito a abordar no MC mais tarde).

Durante a procura de explicações para os movimentos brutais da atmosfera tropical descobriu que a dinâmica dos trópicos é comandada originariamente pela dinâmica polar. Como tal, era necessário aprofundar o estudo da dinâmica polar.

Deste modo chegou ao novo conceito fundamental da estrutura real da circulação geral da atmosfera que designou por Anticiclone Móvel Polar.

De facto, os anticiclones polares já haviam sido descobertos pela NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration) na década de 1950. Em 1953, foram anunciados num artigo histórico publicado na revista Geophysical Research Letters.

À NOAA faltou estudar o movimento dos anticiclones polares. Preferiu enveredar pela técnica da modelação, que apareceu logo a seguir. A NOAA paralisou assim a linha de investigação correcta. Manteve-se presa a conceitos clássicos que não decifram as observações por mais perfeitas que sejam.

Os satélites meteorológicos vieram mostrar, com clareza, como se realiza a dinâmica dos anticiclones polares. Refutaram ao mesmo tempo conceitos clássicos da circulação geral da atmosfera, nomeadamente o esquema tricelular que não corresponde à realidade.

A paralisia da investigação meteorológica não permitiu tirar partido da visão em tempo real dos satélites. A aposta contínua nos modelos climáticos atrofiou o avanço da base científica da climatologia.

Marcel Leroux, na sua obra (considerada de ruptura com o passado clássico da meteorologia - climatologia) «La dynamique du temps et du climat», afirma:

La dinamique observée dans l’Atlantique Nord (mais aussi dans le Pacifique Nord) facilite (toutes proportions gardées) la compréhension – en temps real – du mécanisme de l’entrée dans une glaciation

domingo, janeiro 21, 2007

Vestígios de aquecimento

No simpósio de Estocolmo, coube a Hans von Storch a apresentação da comunicação «Detection with or without hockey stick». Hans fala muito depressa. Com um sorriso nos lábios, à semelhança de Fred Singer.

Prof. da Universidade de Hamburgo, e director do Institute of Coastal Research at the GKSS, foi colaborador do IPCC. Actualmente está afastado desta participação mas não critica, em público, o IPCC.

A sua grande especialidade é a meteorologia e climatologia estatística. É neste domínio que encontra vestígios de aquecimento global. São as anomalias detectadas nas estatísticas climáticas que levam Hans von Storch a esta conclusão.

Hans é um «warmer» muito especial. É um cientista que critica insistentemente o alarmismo (vide EXAGGERATED SCIENCE). Daí que alguns «skeptics» digam que von Storch é o menos mau dos «warmers».

Os «warmers» olham-no de soslaio. Condena excessos de filmes como «The Day After Tomorrow» (O dia depois de amanhã). Mas não concorda com a publicação de livros como o «State of Fear» (Estado de Medo), de Michael Crichton.

Hans foi revisor científico de revistas ditas científicas. Condenou a publicação do artigo do «hockey stick» sem ter sido submetido a um teste apertado de verificação já que ele rompia com conhecimentos tradicionais do Medieval Warm Period e da Little Ice Age.

A sua opinião foi solicitada pelas autoridades americanas quando o poder político tentou averiguar a validade desse estudo. Entregou uma declaração por escrito em que condenava os excessos praticados.

Publicou um artigo na Science, em 2004, em que demonstrava que a metodologia subjacente ao traçado da curva do «hockey stick» estava errada. Para um «warmer» esta atitude foi desassombrada.

Hans von Stoch ficou admirado pelo facto de os seus colegas não reagirem ao seu artigo. Muitos continuaram com exageros apoiados por políticos oportunistas. Considera que estes cientistas sucumbiram ao fanatismo climático.

Acha que a dramatização do tema do «global warming» poderá virar o feitiço contra o feiticeiro. Uma parte importante da juventude, especialmente dos EUA, começa a enfadar-se com a insistência de um assunto apresentado de modo irracional.

Durante a mesa redonda, von Storch disse que o “hockey stick” era uma fraude científica. Comparou o autor desta fraude – Michael Mann – ao coreano Hwang Woo Suck.

O médico coreano foi acusado de uma fraude científica relacionada com a investigação de células estaminais. Aquela afirmação grave de Hans von Storch pode ser ouvida nos vídeos da mesa redonda em que participou.

Michael Mann abrigou-se no blogue RealClimate. Os colaboradores deste blogue são técnicos de modelos climáticos. O mais conhecido de todos é Gavin Schmidt que aparece antes de Michael Mann na lista dos colaboradores do blogue.

Gavin é o braço direito do pai do «global warming» James E. Hansen. Tem profundos conhecimentos na área de climatologia dos modelos. Pena é que confunda o mundo virtual dos modelos com a realidade que estes não conseguem apreender.

P.S. A aglutinação anticiclónica foi rasgada ontem ao fim do dia. Falta saber se o foi duradouramente. Consultar RIU (21.01.2007) onde já não aparece a letra H. As eólicas reanimaram como se pode ver na REN (21-01-2007).

quinta-feira, janeiro 18, 2007

Hockey na Suécia

Os suecos são exímios jogadores de hockey sobre o gelo. Mas desta vez ouviram um elemento do par canadiano que quebrou o “hockey stick” de Michael Mann adoptado pelo IPCC como um dos seus ícones.

Steve McIntyre apresentou, em Estocolmo, um resumo do que se encontra no Mitos Climáticos nas notas: (1), (2), (3), (4), (5), (6), (7) e (8). Steve faz na nota Climate Search uma resenha das aventuras e peripécias sobre este assunto.

O canadiano McIntyre explicou como se desenrolaram as audiências, nos EUA, em que participou a convite das autoridades americanas. Afirmou que nada foi tão calmo como estava a acontecer no anfiteatro do Real Instituto de Tecnologia de Estocolmo.

Nas audiências dos EUA havia um certo clima de tensão. Em Estocolmo apresentou calmamente a comunicação «Medieval Warm Period and millenium temperature reconstruction».

McIntyre é autor do blogue Climate Audit que merece ser visitado. Os visitantes têm de vencer, inicialmente, a dificuldade do uso e abuso de siglas e acrónimos.

terça-feira, janeiro 16, 2007

Neve na Califórnia

Ontem, 15 de Janeiro de 2007, nevou nas praias da Califórnia. A notícia não mereceu atenção aos jornais portugueses. Quando muito foi para um canto de uma página interior. A morte de cerca de 40 pessoas pelo frio deveria merecer respeito.

O vídeo da estação de TV “The Weather Channel” é muito elucidativo. Até vinhas e citrinos californianos sofreram consequências com o abaixamento da temperatura.

A neve que cobriu praias do noroeste dos EUA foi vista pela primeira vez por californianos: «First time I have ever seen snow here!». Ver neve numa praia da costa do Pacífico foi uma surpresa.

Também em Phoenix nevou como não acontecia desde 1990. Em Oregon já não nevava tão intensamente desde 1961. Apagões de electricidade estenderam-se aos estados de Missouri e Oklaoma.

Desta vez não escaparam estados americanos normalmente protegidos pelas Montanhas Rochosas. Estas separam os espaços aerológicos definidos pelos anticiclones dos Açores e de Havai.

É caso para meditar sobre qual a melhor escolha. Ou uma estabilidade anticiclónica, com tempo ameno e quente, ou uma tempestade de neve, com tempo agreste e frio.

Temperaturas 2006

O alarido dos media, nacionais e internacionais, sobre as temperaturas do ano de 2006 é sintomático da acção de constrangimento da opinião pública. Para esse ruído, muito contribuíram cientistas que não têm cuidado no que afirmam publicamente.

De facto, não é fácil entender que a temperatura – em qualquer latitude – não é a variável explicativa da evolução da dinâmica real do clima. É simplista admitir que o efeito radiativo comanda a temperatura de superfície.

A temperatura até uma altitude igual à espessura dos anticiclones móveis polares (cerca de 1500 metros) é comandada pelas trajectórias, pelos campos de pressões e pelas aglutinações anticiclónicas por eles estabelecidos.

O ano de 2006 foi normalíssimo dentro da tendência estável que se verifica desde 1990. As temperaturas superficiais, de Dezembro de 2006, assim como de todo o ano, situaram-se dentro dessa normalidade.

Para não sobrecarregar o blogue, convida-se a ler o post "Asi va la temperaura global", de 13 de Janeiro de 2007, do blogue CO2, de Antón Uriarte Cantola, que acrescenta alguma informação relativamente à Fig. 69 e à nota “Termómetros e satélites. 1990-2006”.

As temperaturas medidas pelos satélites também mostram que nada de anormal se passou em 2006, apesar do nascimento do El Niño em meados do ano. A figura do blogue CO2 dá conta dessa evolução normal.

Então para quê tanto barulho? Se descontarmos os fenómenos “anormais” do Pinatubo (1991-1994) e do El Niño (1997-1999) praticamente todas as anomalias, desde 1990, determinadas pelos satélites, caem dentro da faixa (0,0 ºC - 0,4 ºC).

É pouco significativo um desvio de 0,4 ºC relativamente a uma média de 20 anos (1979-1998) a partir da qual estão calculadas as anomalias. Além disso, nunca é demais recordar, esta anomalia não provém dos gases antropogénicos com efeito de estufa.

Provavelmente, entres as cidades do Porto, Coimbra e Lisboa verifica-se uma diferença semelhante (ou maior) no prazo de um ano. Até pode acontecer algo semelhante entre dois bairros não muito distanciados dentro de uma qualquer destas três cidades!

Para conhecer as subtilezas das observações das temperaturas pode-se ler o artigo de Vincent R. Gray: “The cause of global warming”. Inclui referências bibliográficas importantes sobre esta matéria.

P.S. Ontem as eólicas tiveram um ia aziago. Veja-se o diagrama de cargas das centrais eólicas de 2006/01/15 no sítio da REN. As pás estiveram de folga quase todo o dia!

sábado, janeiro 13, 2007

Trajectórias

A NASA publicou o mapa estilizado (reproduzido na Fig. 79) das temperaturas médias no decurso de Dezembro de 2006. As cores representam as anomalias em relação à média do período 2000-2005.

A cor branca (no centro da escala das cores) representa uma anomalia nula, as tendencialmente vermelhas e azuis, correspondem a anomalias positivas e negativas, respectivamente.

A primeira conclusão reporta-se ao comportamento distinto entre os dois hemisférios. Enquanto no H. Norte se acentuaram as anomalias positivas, no H. Sul foram as negativas que se destacaram.

Esta situação tem que ver com diferentes estações do ano. No Norte a actividade dos anticiclones móveis polares está no modo rápido e no Sul no modo lento. Interessa-nos, sobretudo, olhar para o que se passou no nosso hemisfério.

As manchas encarniçadas facultam pistas das trajectórias preferenciais dos AMP neste Inverno. Estabeleceram aglutinações anticiclónicas (AA) extensas no espaço e no tempo.

As AA transmitiram anomalias positivas de acordo com o mecanismo descrito nas notas recentes “Actividade dos anticiclones móveis polares” e "Dia de Reis sem eólicas".

No Médio Oriente, não se estabeleceram AA pelo que as anomalias foram negativas. Na Gronelândia a anomalia negativa dá conta das baixas temperaturas geradoras de AMP mais frequentes e potentes.

Foi registada, no Inverno 2006-2007, uma medição de – 61 ºC na Gronelândia. Atingiu-se na estação de Summit que se situa no mapa da ilha traçado pelo climatologista Antón Uriarte Cantola. O recorde daquela estação é de – 63 ºC. Andou lá perto.

A segunda conclusão interessante é a diferença de dinâmicas entre o actual Inverno e o de 2005-2006. Na altura publicou-se a Fig. 40 ( e o texto correspondente) que mostrava anomalias negativas no Hemisfério Norte. No Inverno anterior não se formaram AA.

Poder-se-ia perguntar, a quem anda, erradamente, a atribuir ao efeito de estufa antropogénico o registo das anomalias positivas deste Inverno, a razão da variabilidade de Invernos de um ano para outro.

Mas a memória meteorológica é muito curta. Quem se lembra que nevou em Portugal em 29 de Janeiro de 2006?

Correcção: No 6º parágrafo foi acrescentado mais um link - «As AA ... e "Dia de Reis sem eólicas".

Fig. 79 - Temperaturas Dezembro 2006. Fonte: NASA.

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terça-feira, janeiro 09, 2007

Actividade dos anticiclones móveis polares

A NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration, dos EUA) acaba de publicar o índice AO (Arctic Oscilation) do período 1 de Setembro de 2006 – 8 de Janeiro de 2007.

Este índice é similar ao índice NAO (North Atlantic Oscilation). Enquanto o NAO mede as anomalias dos gradientes das pressões atmosféricas entre a Islândia (baixa pressão) e os Açores (alta pressão), o AO considera as pressões para todo o Árctico.

De qualquer modo, o AO é uma variável proxy da actividade dos anticiclones móveis polares (AMP) da região boreal. A Fig. 78 mostra os índices AO diários entre o início de Setembro de 2006 e o recente dia 8 de Janeiro de 2007.

Os valores altamente positivos do índice AO indicam uma fortíssima actividade dos AMP a partir dos finais de Novembro de 2006 até aos dias de hoje. Significa que o Árctico está frio e bem frio. Verificou-se ainda um abrandamento em Outubro de 2006.

O índice AO não dá indicações quanto à formação das aglutinações. A escala sinóptica é que mostra a estabilidade anticiclónica sobre a Europa, em geral, e a Península Ibérica, em particular. Daí a falta de ventos que as eólicas sentiram, em Portugal.

Na fase alta (índice positivo da ONA, em português) os AMP são mais potentes, mais rápidos e mais frequentes. Nesta fase o Árctico está mais frio e tem mais gelo, daí a gestação de mais AMP (em número e em potência).

O tempo torna-se mais violento se não houver aglutinações anticiclónicas persistentes. Foi o que aconteceu no Paquistão e no Norte da Índia.

Lahore, no Paquistão, nunca sentira tanto frio desde 1935. Em Kalam, também no Paquistão, o termómetro desceu até -14 ºC. São notícias que os media escondem da opinião pública, apesar de terem morrido pessoas…

O mês de Outubro de 2006 foi bom para a produção de energia eléctrica nas centrais eólicas. Especialmente em meados do mês, como se pode concluir da fraca actividade de AMP, registada na Fig. 78, com valores negativos do AO. Sem aglutinações.

Os índices analisados também não fornecem informação quanto às trajectórias preferenciais seguidas pelos AMP boreais.

A água em forma sólida que eles transportaram dividiu-se pelos continentes Americano, Europeu (trajectória escandinava) e Asiático.

Quando falta neve numa região, a neve acumula-se noutra. Nem sempre dá para todas as regiões. Mas só aparecem destacadas as regiões onde ela faltou.

É bom recordar a Fig. 51, que sintetiza a circulação atmosférica, e o texto correspondente “Circulação atmosférica”.

Fig. 78 - Índice AO. 1 Set 2006 - 8 Jan 2007. Fonte: NOAA

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domingo, janeiro 07, 2007

Dia de Reis sem eólicas

Ontem, Dia de Reis, o País não teve a contribuição devida das centrais eólicas – a fonte de energia sem fim, segundo anuncia a sua propaganda. Mas a dinâmica do clima prega as suas partidas.

A aglutinação anticiclónica permanece nas cercanias de Portugal. Ultimamente situa-se próxima do local do anticiclone dos Açores. Já há muitos dias a estabilidade anticiclónica não larga a Península Ibérica.

Esta estabilidade também se traduz pela falta de vento e pelo tempo seco. O mecanismo pode ser explicado do seguinte modo:

- Intensificação do número de anticiclones móveis polares (AMP) que se aglutinam uns atrás dos outros; não significa que o ar seja sempre o mesmo pois vai sendo substituído a um ritmo relativamente lento;
- Estabelecimento de um campo de altas pressões com uma extensão espacial e temporal considerável;
- Ausência de ventos fortes e impedimento de entrada de vento atlântico;
- Aumento da condutibilidade térmica do ar pelo aumento significativo da pressão atmosférica;
- Aquecimento do ar à superfície devido à contra-radiação terrestre que se estende por camadas cumulativas superiores;
- A contra-radiação celeste está enfraquecida pela secagem do ar já que o principal gás com efeito de estufa, o vapor de água, está diminuído;
- O ar quente não sobe além de um a dois quilómetros de altitude devido à subsidência, isto é, devido à pressão atmosférica exercida de cima para baixo;
- Esta dinâmica é a mesma seja Inverno seja Verão;
- No Verão, como o ar que vem da região boreal é menos frio e a contra-radiação terrestre é mais forte, o aquecimento é mais rápido e mais duradoiro e origina o que se designa erradamente por uma onda de calor.

Este fenómeno real é o desmentido flagrante da pseudo-teoria do efeito de estufa antropogénico. Se a contra-radiação celeste fosse predominante, o ar à superfície aquecia e elevava-se sem impedimento da pressão atmosférica que baixava.

A descida da pressão aumentaria o vento (que no Hemisfério Norte rodaria em sentido contrário ao dos ponteiros do relógio à volta da depressão). As eólicas aceleravam e produziam a energia que neste momento faz falta à rede eléctrica nacional.

A falha das eólicas obriga à produção de energia de origem fóssil em centrais que normalmente estariam fora de serviço. Esta energia tem custo marginal mais elevado e, por isso, as termoeléctricas, que sejam menos competitivas, são sempre as últimas centrais a arrancar.

A Fig. 77 (dia 2007-01-06) foi retirada da página web da REN. Ela ilustra a situação das eólicas resvés o eixo do tempo durante praticamente todas as 24 horas do Dia de Reis. Dos mais de 600 MW de potência instalada, apenas foram gerados sempre menos de 100 MW.

Tal situação provavelmente irá repetir-se sistematicamente, tanto no Inverno como no Verão, devido ao aumento da frequência acrescida das aglutinações de AMP.

Atribuir ao efeito de estufa antropogénico as “ondas de calor”, as mortes, os incêndios e outros acontecimentos dramáticos é, no mínimo, um erro grosseiro de avaliação.

Além disso, o valor das temperaturas anormais para a época do ano – cuja génese foi explicada atrás – vai ser catalogado erradamente como prova do aquecimento global e das alterações climáticas concomitantes.

Correcção: Por sugestão de um leitor - muito exigente, como é bom que se seja - , colocou-se entre virgulas «...as termoeléctricas, que sejam menos competitivas, são sempre...»; o mesmo leitor sugeriu os links para os conceitos das contra-radiação terrestre e contra-radiação celeste; aproveita-se para fornecer também o do balanço radiativo e o da radiação solar; finalmente, o leitor pretende que se registe que, de acordo com as suas palavras, "falta também dizer que, contra ventos e marés, o preço da eólica é bastante mais elevado"; ou seja, acrescenta o leitor, "ironia das ironias, sem falar nas velhas turbinas a gás, que queimavam gasóleo, o backup térmico é sempre mais barato do que a eólica..."

Fig. 77 - Diagrama de cargas eólicas Dia de Reis 2007. Fonte: REN.

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quarta-feira, janeiro 03, 2007

Lamentos

Os leitores de Mitos Climáticos estão atentos. Protestam contra a paranóia do «global warming», que se intensificou no fim de 2006 até atingir níveis realmente alarmistas.

Primeiro foi o Expresso que, ridiculamente, considerou Al Gore como o homem do ano. O Público, como sempre, distinguiu-se pela asneira, com um Suplemento intitulado “Salvar a Terra – Ainda vamos a tempo? Uma guerra para recomeçar em 2007”.

Este exército de salvadores da Terra está sempre pronto para a guerra. Quem nos salvará de tais salvadores? Dizem eles que o planeta é frágil quando frágeis são os seus argumentos. E o que dizer da dúvida aterradora do Público: “Ainda vamos a tempo?” E se não forem a tempo, o que acontecerá?

Mas não são só estes representantes da comunicação social que se prestam a desinformar o público. Pelo mesmo diapasão alinham-se o Diário de Notícias, o Diário Digital e as televisões (qual delas pior?)…

Um dos leitores enviou uma mensagem com o Assunto “2007 ano mais quente”. O anexo do Público.online dizia que, segundo o cientista Phil Jones, “2007 será um ano de condições climatéricas extremas, que poderão originar, por exemplo, secas na Indonésia e inundações na Califórnia”. Repare-se no tempo do verbo da notícia: “poderão”? Este uso coloca-os prevenidos para qualquer falhanço. Com o verbo me enganes tu…

Phil Jones é o autor da base de dados das temperaturas médias globais que é utilizada pela Organização Meteorológica Mundial e pelo Intergovernmental Panel on Climate Change.

Mas ele nunca fornece a metodologia utilizada para aquela determinação a quem a pedir. O argumento usado, por Phil Jones, para fugir às suas responsabilidades é que "quem solicita o conhecimento dessa metodologia deve ser para o criticar"!

Assim, não fornece nem a metodologia nem a base de dados. Com esta gente não há nada a fazer…É tudo muito secreto. E quem levanta dúvidas deve estar a soldo das indústrias. Esta sábia conclusão começa a ser um tique do tipo siciliano.

Outro leitor chama a atenção para o que diz o Diário de Notícias.online: “(...) a última conferência da ONU sobre o clima (a COP 12), que reuniu dirigentes de 180 países no Quénia, em Novembro, conseguiu consensos sobre alguns pontos importantes considerados difíceis. Entre eles, a criação do primeiro imposto global para um Fundo de Adaptação no combate ao aquecimento global. O fundo está decidido, resta encontrar a entidade internacional que vai geri-lo. (...)”

Conclui, correctamente, o leitor: “Por aqui se percebe o que realmente está em causa: criar novos impostos ou aceder a uma boa fatia dos existentes para benefício de alguns espertalhões.” O título da sua mensagem era: “Caem as máscaras”. Bem escolhido.

Esta histeria deverá atingir o clímax em Fevereiro de 2006. Nessa altura o IPCC apresentará em Paris a sua quarta versão do apocalipse (Fourth Assessment Report - 4AR). O Público já deu uma antevisão desta maravilha. Aliás copiou do espanhol El País. Reproduzem-se uns aos outros, mecanicamente, com frases e palavras desprovidas de sentido…

A dita cuja “notícia” dizia que foram 2500 cientistas os autores do 4AR. Enfim, já é um desconto pois nas versões apocalípticas anteriores falava-se em 3000. Anunciar milhares de cientistas pretende dar credibilidade a um documento que de científico só tem o nome.

Feito o balanço, devem ser 2400 burocratas indicados pelos governos (como o português). Apenas 90 modeladores que representam os “yesman” do núcleo duro do grupo de 10 que tomou conta do poder de decisão do IPCC.

Ninguém fala verdade. Até o princípio jornalístico do contraditório (dar voz ao outro lado) é ignorado por esta gente que está sempre a encher a boca com os princípios da deontologia profissional.

A verdade é escondida dos leitores, dos ouvintes, dos telespectadores, da opinião pública. Quem tomou conhecimento da queda de neve e das temperaturas negativas recentes no Médio Oriente: na Arábia Saudita, na Turquia, no Irão, no Iraque e no Egipto?

No dia 30 de Dezembro de 2006, o termómetro desceu até – 5 ºC em cima dos poços de petróleo da Arábia Saudita. Mais notável ainda, no Irão registaram-se temperaturas negativas de até – 29,4 ºC! Em Bagdade registou-se 0 (zero) graus Celsius.

Mas tais notícias são peneiradas nas redacções do Expresso, do Público e quejandos meios de desinformação – nelas só passam notícias que corroboram a sua histeria alarmista.

segunda-feira, janeiro 01, 2007

Ano Novo

Nada como uma boa notícia logo no primeiro dia do ano. É só abrir o link da American Geophysical Union, dos EUA. No artigo da AGU é feita a defesa dos ciclos de Milankovich. Simultaneamente afirma-se que o CO2 não precede as variações do volume de gelo das latitudes elevadas. Antes pelo contrário, é-lhe atribuído um papel secundário.

Quanto a outra boa – má notícia é que a aglutinação anticiclónica ainda se mantém sobre a Europa. Neste momento o núcleo da AA está em cima de nós como se vê no primeiro gráfico 01.01.2007, 12 UTC, da RIU. Consequentemente as eólicas estiveram praticamente paradas (previa-se uma paragem total ao meio-dia de hoje, 01-01-2006).

Tudo isto devia ser considerado por quem de direito. A EDP afirma que vai continuar a investir milhões de euros num sistema que falha por falta de fluido motor. E logo nas alturas em que mais falta faz (pontas de Inverno e de Verão). Haverá reserva suficiente para cobrir essas falhas? E que energia primária vai suprir as falhas do vento?

Convida-se os leitores a navegar na página web da REN, por exemplo, do dia 16-07-2006 para verificar a paupérrima contribuição das eólicas durante todo o dia, nomeadamente entre as 12 h e as 18 h em que estiveram mesmo quase paradas!

Este tipo de situação climática é antinómico do cenário «global warming». Neste hipotético cenário a pressão estaria a baixar e o vento a aumentar. Um caso destes em pleno Verão daria uma onda de calor.

A temperatura sobe devido à contra-radiação terrestre (contrariamente à celeste do cenário «GW»). Actualmente, o ar rasteiro que veio da região do Árctico, tem uma temperatura suficientemente baixa para se deixar aquecer muito. Mas no Verão o ar, que também vem da mesma região, deixa-se aquecer de tal modo que lhe chamam uma onda de calor.

Feliz Ano Novo.