quarta-feira, março 31, 2010

Aglutinação anticiclónica do espaço aerológico do Pacífico sudeste (B)

Consideram-se os seguintes elementos de diagnóstico para esta análise:

- Foto 11 (B) do satélite GOES 10, est, modo vis, do dia 28-11-1999, às 18 h 00 m , UTC;

- Fig. 12 (B) da carta de superfície relativa àquela foto com elementos das pressões atmosféricas da NOAA.

O anticiclone móvel polar AMP1, resultado de uma cisão provocada por um choque com os Andes (ver post anterior), aglutinou-se com o AMP2. Foi assim que se formou o único AMP1+2 que é perfeitamente visível na Foto 11 (B).

O AMP1+2, com 1020 hPa (hectopascal), vai-se deslocando para Norte de modo a incorporar-se na aglutinação anticiclónica AA que também se vê com perfeição na Foto 11 (B). Esta AA é denominada da Ilha da Páscoa.

Já a AA analisada imediatamente antes (ver Aglutinação anticiclónica no espaço aerológico do Atlântico noroeste) é conhecida como das Bermudas. Mas ela é apenas uma extensão do “nosso” anticiclone dos Açores.

Agora, como se verifica na Fig. 12 (B), os Andes voltaram a cindir um AMP austral. Cindiram o AMP3 em dois: um que continua a ser designado por AMP3 e outro que se designa por AMP3’. O AMP3 sobe ao longo do Pacífico através da costa meridional do Chile.

Entretanto, o AMP3’ dirige-se para o Atlântico. Observa-se a nordeste núcleos de anticiclones antigos que sobem em direcção aos Pampas argentinos ou seguem pelo sudoeste do Atlântico afora.

Fonte: Emmanuel Barbier.

Foto 11 (B) e Fig. 12 (B). Fonte: E. Barbier.

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segunda-feira, março 29, 2010

Aglutinação anticiclónica do espaço aerológico do Pacífico sudeste (A)

Para esta análise consideram-se os seguintes elementos de diagnóstico:

- Foto 11 (A) do satélite GOES 10, est, modo vis, do dia 27-11-1999, às 18 h 00 m , UTC;

- Fig. 12 (A) da carta de superfície relativa àquela foto com elementos das pressões atmosféricas fornecidos pela NOAA.

Esta foto de satélite é fértil em anticiclones móveis polares (AMP) nascidos no Antárctico. O mais interessante é o AMP1 que foi cindido em dois pelo relevo meridional dos Andes próximo da Península do Antárctico.

Como sempre, o ar frio e denso do AMP1 foi incapaz de se elevar e chocou com o relevo da extremidade meridional da América do Sul. Os Andes obrigaram o AMP1 a dividir-se em duas massas de ar anticiclónicas: uma dessas massas foi conduzida para o Pacífico (AMP1) e a outra para o Atlântico (AMP1’).

Fenómeno de cisão semelhante acontece quando os AMP austrais embatem no extremo sul da Grande Escarpa (Drakensberg) da África do Sul. Nessas condições uma parte da massa anticiclónica dirige-se para o Atlântico (ilha de Santa Helena) e outra para o Índico.

É de salientar que, agora no Hemisfério Sul, as depressões D formadas pelo ar anticiclónico dos AMP, propriamente ditos, se colocam numa posição diferente em relação ao que acontece no Hemisfério Norte.

Elas colocam-se sempre mais próximo das regiões polares de forma a canalizarem o ar de retorno aos Pólos respectivos. Na Fig. 12 (A) estão indicadas com setas a traço interrompido as direcções do ar ciclónico turbulento de retorno e a traço cheio o sentido de rotação do ar anticiclónico calmo no interior dos AMP.

Nesta figura está também assinalada a aglutinação anticiclónica AA que se formou no Pacífico com 1025 hPa (hectopascal). Na foto é fácil de identificar a AA pelo ar com aspecto esboroado.

Do lado do Atlântico voa um AMP a caminho do Brasil com 1025 hPa de pressão atmosférica. A depressão D correspondente, maioritariamente sobre o oceano na altura da foto do satélite, poderia ter causado precipitações elevadas. Se se desviasse para o continente provocaria cheias.

Fonte: Emmanuel Barbier.

Foto 11 (A) e Fig. 12 (A). Fonte: E. Barbier.

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quinta-feira, março 25, 2010

Aglutinação anticiclónica no espaço aerológico do Atlântico noroeste (D)

Na Fig. 11 (D), apresentada abaixo da Fig. 11 (C), está representada a carta de superfície do dia 14 de Março de 1998 relativa à outra foto [10 (D)] do mesmo satélite GOES 8, est, vis, 18 h 15 m, UTC.

Agora verifica-se que quase todas as pressões atmosféricas estabilizaram em relação ao dia anterior (comparar as pressões dos dia 13 e 14 de Março de 1998).

Recorda-se que o ano de 1998 foi o ano que alguns cientistas designaram como o do El Niño do século (XX). De facto, nesse ano, o índice temperatura média global bateu um recorde que ficou assinalado como o máximo do século passado.

Esse índice representou a excepcional troca meridional de energia entre a região polar norte e a zona intertropical. Foi o ar de retorno que elevou as temperaturas nas altas latitudes do Hemisfério Norte.

Já vimos anteriormente que estes anticiclones móveis polares (AMP) do espaço aerológico do Atlântico que passam pelo istmo da América Central preparam a cama para o nascimento dos El Niños. Também vimos que o pai do El Niño é um AMP asiático (Pacífico) que aproveita o trabalho dos AMP do Atlântico.

Aconselha-se os leitores a rever os posts dedicados ao El Niño publicados em Julho de 2009.

Com esta nota termina-se a análise da aglutinação anticiclónica no espaço aerológico do Atlântico noroeste. Seguir-se-á um espaço aerológico do Hemisfério Sul para satisfação dos leitores que vivem nessa outra metade do planeta.

Fonte: Emmanuel Barbier.

Foto 10 (D) e sua ampliação. Fonte: E. Barbier.

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segunda-feira, março 22, 2010

Aglutinação anticiclónica no espaço aerológico do Atlântico noroeste (C)

O potentíssimo anticiclone móvel polar AMP1, que no dia 11 de Março de 1998 aparecia na Fig. 11 (A) com a elevadíssima pressão atmosférica de 1050 hPa [hPa - hectopascal], foi-se deslocando progressivamente para Sul.

Agora na Foto 10 (C) - e na sua ampliação - do satélite GOES 8-est (13-3-1998, 18 h 15 m, UTC, modo visível) o AMP1, ainda bastante frio, reduziu a pressão para 1030 hPa. Mas, mesmo assim, encontra-se com dificuldade para se elevar.

O AMP1 foi canalizado pelo relevo. Na ampliação desta foto, destacam-se nitidamente os contornos do relevo que canalizou o AMP1. O relevo é referido no post anterior (istmo de Tehuantepec, desfiladeiro da Nicarágua).

Na Fig. 11 (C) - na parte superior -, correspondente à Foto 10 (C), vê-se que a aglutinação anticiclónica atingiu sobre o oceano a pressão atmosférica de 1040 hPa. Nessa Fig. 11 (C), carta de superfície, assinalam-se igualmente os alísios marítimos e as monções amazónicas que degeneraram dos AMP.

Ainda na Fig. 11 (C), destaca-se o aparecimento de novo anticiclone móvel polar, o AMP3, com 1035 hPa. O AMP3, voa sobre o Canadá, vai avançar até se juntar à AA já formada no dia 11 de Março de 1998 [ver Fig. 11 (A)].

Nunca é de mais salientar, como se faz na Fig. 11 (C) com as setas a traço interrompido, o ar de retorno à região polar norte que faz parte integrante da circulação geral da atmosfera.

Fonte: Emmanuel Barbier.

Fig. 11 (C) e Fig. 11 (D). Fonte: E. Barbier.

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Foto 10 (C) e sua ampliação. Fonte: E. Barbier.

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sexta-feira, março 19, 2010

Aglutinação anticiclónica no espaço aerológico do Atlântico noroeste (B)

Na sua evolução, o potentíssimo anticiclone móvel polar AMP1 (que no dia anterior atingira 1050 hPa!) fixa-se, no dia 12-3-1998, contra os relevos centro americanos. É o que se vê na Fig. 11 (B) [publicada juntamente com a Fig. 11 (A), na parte inferior].

A sul do relevo mexicano, parte do AMP1 escoa-se em direcção ao Pacífico, em direcção ao equador meteorológico vertical, pelo istmo de Tehuantepec e pelo desfiladeiro da Nicarágua (ver a sua orografia).

Na ampliação da Foto 10 (B) do satélite GOES 8-est (12-3-1998, 18 h 15 m, UTC, modo visível) vê-se que, ao nível do istmo de Tehuantepec, o rebaixamento do terreno facilita a passagem de ventos potentes do sector norte-nordeste que se “engalfinham” violentamente e se desembaraçam de todas as nuvens.

Neste dia 12 de Março de 1998, a pressão atmosférica do AMP1 continua elevadíssima: 1040 hPa [hectopascal]. A do AMP2 manteve-se nos 1020 hPa do dia anterior. O mesmo acontece com a pressão da aglutinação anticiclónica AA.

Tanto na Fig. 11 (B), como na Fig. 11 (A), as cartas de superfície assinalam os alísios marítimos e as monções amazónicas que degeneraram dos AMP.

Fonte: Emmanuel Barbier.

Foto 10 (B) e sua ampliação. Fonte: E. Barbier.

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quarta-feira, março 17, 2010

Aglutinação anticiclónica no espaço aerológico do Atlântico noroeste (A)

As Fotos 9 (A, B, C), de 23/09/2001 a 25/09/2001, acompanhadas das Figuras nº 10 (A, B, C), que analisámos anteriormente (aqui, aqui e aqui), correspondiam ao espaço aerológico do nordeste do Pacífico.

Nos próximos três posts vamos analisar uma situação correspondente ao espaço aerológico do noroeste do Atlântico.

Começamos pela Fig. 11 (A), correspondente à carta de superfície da Foto 10 (A) do satélite GOES 8-est (11-03-1998, 18 h 15 m, UTC, modo visível). Nela observa-se um anticiclone móvel polar (AMP) potentíssimo: o AMP1 com uma pressão atmosférica elevadíssima de 1050 hPa [hPa – hectopascal].

Um AMP com esta potência, no mês de Março, não configura de certeza absoluta um cenário de aquecimento! Antes pelo contrário, prova mais uma vez que o cenário vigente é de não-aquecimento.

O ar extremamente frio, incapaz de se elevar, acomoda-se a norte dos relevos centro americanos e a este dos relevos mexicanos. As formações nebulosas casam-se perfeitamente com os relevos sublinhando os contornos de modo muito preciso.

Uma parcela do ar frio saída do AMP1 chega entretanto a desviar-se acima dos relevos menos elevados, seca, aquece (ausência de nuvens, efeito de foehn sobre a costa do Pacífico centro americano).

Ao nível do istmo Tehuantepec (México), o ar frio é vigorosamente canalizado entre os relevos, a sua velocidade aumenta (efeito Venturi). A ausência de nuvens testemunha a violência do fluxo do norte que atravessa o istmo.

Na ampliação da Foto 10 (A) é possível ver que o AMP1, frio, denso, incapaz de se elevar, é canalizado pelo relevo mexicano (Sierra Madre oriental, cordilheira dos Chiapas) e a cordilheira centro americana cujos contornos aparecem aqui muito nítidos.

Na nota seguinte analisaremos o percurso dos AMP no dia a seguir, 12 de Março de 1998, cuja carta de superfície, Fig. 11 (B), já se encontra abaixo da do dia anterior, Fig. 11(A), por comodidade do autor Emmanuel Barbier na apresentação da sua tese de doutoramento.

Fonte: Emmanuel Barbier.
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Obs.: As fotos dos satélites meteorológicos nem sempre apresentam a qualidade desejável. É o que acontece com as apresentadas nesta nota.

Fig. 11 (A) e Fig. 11 (B). Fonte: E. Barbier.

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Foto 10 (A) e sua ampliação. Fonte: E. Barbier.

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segunda-feira, março 15, 2010

Aglutinação anticiclónica no espaço aerológico do Pacífico nordeste (C)

Nas duas notas anteriores seguimos a trajectória dos anticiclones móveis polares AMP1 e AMP2 nos dias 23 e 24 de Setembro de 2001. Agora vamos analisar a trajectória no dia 25-09-2001.

Na parte superior da Foto 9 (C) do satélite GOES-oeste (25-09-2001, 21 h 30 m, UTC, modo visível) vê-se que os anticiclones móveis polares AMP1 e AMP2 – vistos anteriormente nas Fotos nº 9 (A) e (B) – se aglutinaram para formar uma massa de ar anticiclónica única (AMP1+2, referido na Fig. 10 (C) apenas por AMP2).

Verifica-se ainda que o AMP1+2 se encostou com perfeição ao relevo continental. Mas, incapaz de se elevar, a massa de ar anticiclónica aglutinada continua a descida para Sul. Esta descida foi acelerada pelo aparecimento do novo anticiclone móvel polar AMP3.

A parte inferior da Foto 9 (C) do satélite GOES-este (25-09-2001, 18 h 00 m, UTC, modo visível) apresenta um ângulo de visão que mostra a não penetração no continente do AMP1+2. Apenas os fluxos de ar quente do corredor depressionário conseguem penetrar no continente em direcção à sua depressão D associada.

Este último fenómeno está traçado na Fig. 10 (C), onde se encontram registados os valores característicos das pressões atmosféricas dos AMP (1025 hPa) e da aglutinação anticiclónica AA (1020 hPa). [hPa – hectopascal]

Fonte: Emmanuel Barbier.
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Obs.: Por falar em aglutinações anticiclónicas (AA), estabeleceu-se uma AA sobre Portugal. Tem o núcleo central (H = high, em inglês, alta pressão) localizado entre o sul da Inglaterra e o Golfo da Gasconha [ver dias 13, 14 e 15 de Março de 2010].

Esta posição sinóptica afasta-se bastante da localização média anual sobre os Açores. Ocorrem pressões atmosféricas que se aproximam dos 1030 hPa.

A NAO-North Atlantic Oscillation tem-se apresentado com valores negativos ou próximos de zero. Esta situação denota um Árctico lançando anticiclones móveis polares (AMP) com trajectórias em latitudes elevadas.

No século passado, quando o índice das temperaturas caiu e surgiu o alarmismo de uma nova idade do gelo (cerca de 1960-1970), a NAO apresentava exactamente a mesma evolução.

Nesta fase, as depressões sinópticas (efeito) provocadas pelos AMP (causa) são mais cavadas (caso da tragédia da Madeira). O tempo é mais violento pois os contrastes térmicos são mais fortes.

Foto 9 (C) e Fig. 10 (C). Fonte: E. Barbier.

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sexta-feira, março 12, 2010

Aglutinação anticiclónica no espaço aerológico do Pacífico nordeste (B)

Na nota anterior, analisou-se o comportamento dos anticiclones móveis polares AMP1 e AMP2 no dia 23-09-2001. Agora vamos analisar o que aconteceu no dia seguinte.

Na parte superior Foto 9 (B) do satélite GOES-oeste (24-09-2001, 21 h 30 m, UTC, modo visível) vê-se que o anticiclone móvel polar nº 2 (AMP2) – já analisado na Foto 9 (A) - se deslocou para o Sul.

O AMP2 passou sobre as costas do Alasca e acelera o deslocamento do AMP1 (mais antigo, logo menos frio e menos denso), em direcção ao Sul. O AMP1 deforma-se devido às características mais destacadas do AMP2.

A parte inferior da Foto 9 (B) do satélite GOES-este (24-09-2001, 18 h 00 m, UTC, modo visível) mostra a depressão fechada D do AMP1 ao largo das costas californianas. Com este ângulo de visão, é nítido que os AMP não conseguem penetrar no continente americano. O relevo deste continente constitui uma barreira intransponível aos AMP.

Na Fig. 10 (B) desenharam-se os traços fundamentais dos AMP1 e AMP2, que se vêem na parte superior da Foto 9 (B), com os corredores periféricos e as depressões fechadas D. Abaixo do AMP1 está a AA formada anteriormente e à qual os AMP1 e AMP2 se vão juntar.

Nesta figura estão assinaladas as pressões atmosféricas respectivas do ar anticiclónico:
AMP2 (1025 hPa), AMP1 (1020 hPa) e AA (1018 hPa) – [hPa – hectopascal]. Também se assinalou o sentido de rotação do ar anticiclónico com uma seta curvilínea.

Os valores das pressões atmosféricas continuam a ser elevados para a época do ano.

Fonte: Emmanuel Barbier.

Foto 9 (B) e Fig. 10 (B). Fonte: E. Barbier.

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quarta-feira, março 10, 2010

Aglutinação anticiclónica no espaço aerológico do Pacífico nordeste (A)

Na parte superior da Foto 9 (A), do satélite GOES-oeste (23-09-2001, 21 h 30 m, UTC, modo visível), verifica-se que o anticiclone móvel polar nº 2 (AMP2) passou o estreito de Bering e vai aproximar-se do AMP1 com o qual se vai fundir. O AMP1 e o AMP2 tiveram a mesma proveniência na região do Árctico.

O AMP1 tem ar menos frio e menos denso (menor pressão atmosférica) do que o ar do posterior AMP2. Verifica-se que os anticiclones móveis polares, com ar frio, são incapazes de se elevar e vão chocar com o relevo da América do Norte antes de se desviarem a caminho do Sul.

Na parte inferior da Foto 9 (A), agora do satélite GOES-este (23-09-2001, 18 h 00 m, UTC, modo visível) dá-nos a oportunidade de ver o fenómeno através de outro ângulo. Vê-se o AMP1 nitidamente individualizado através do seu corredor depressionário periférico que se salienta com formações nebulosas intensas.

Neste ângulo de visão permite-se ver que os AMP, frios, densos são incapazes de se elevar e, consequentemente, de penetrar no interior do continente. Apenas se verifica uma pequena invasão na parte litoral do continente.

Na Fig. 10 (A) desenharam-se os traços fundamentais dos AMP1 e AMP2, tal como são vistos na Foto superior do satélite GOES-oeste, com os corredores periféricos e as depressões fechadas D. Abaixo do AMP1 está a aglutinação anticiclónica AA formada anteriormente e à qual os AMP1 e AMP2 se vão juntar.

Nesta figura estão assinaladas as pressões atmosféricas respectivas do ar anticiclónico: AMP2 (1035 hPa), AMP1 (1025 hPa) e AA (1020 hPa) – [hPa – hectopascal]. Também se assinalou o sentido de rotação do ar anticiclónico com uma seta curvilínea.

Não se pode deixar de salientar que nesta época do ano (Setembro), no Hemisfério Norte, a esta latitude, valores tão elevados das pressões atmosféricas para os AMP apontam para um modo rápido de circulação (quando deveria ser lento naquela estação do ano) e um cenário de não-aquecimento.

Nas duas notas seguintes analisaremos a evolução do percurso do AMP1 e do AMP2 nos dias 24 e 25 de Setembro de 2001.

Fonte: Emmanuel Barbier.

Foto 9 (A) e Fig. 10 (A). Fonte: E. Barbier.

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segunda-feira, março 08, 2010

As aglutinações anticiclónicas

No post “A história do vilão (5)” foi dito que a circulação geral da atmosfera (CGA) é causada pela distribuição irregular da radiação solar ao longo da superfície da Terra. A irregularidade deve-se à quase esfericidade da Terra e à inclinação do seu eixo de rotação em relação à eclíptica.

É nas camadas baixas da troposfera que se processa a CGA. A troposfera é a camada da atmosfera junto à superfície do planeta, com uma altitude que varia com a latitude e com a estação do ano. É da ordem de 5 km a 6 km nos Pólos e de 15 km a 16 km no Equador.

A heterogeneidade da distribuição da radiação solar conduz a trocas meridionais (Pólos - Trópicos) de massas de ar e de energia nelas contidas, em virtude do gradiente (diferença) de temperatura entre as regiões polares, frias, e a zona intertropical, quente.

Mas são as regiões polares que desencadeiam essas trocas enviando ar frio (mais denso) em direcção aos Trópicos, mediante trajectórias a menor altitude, movimento que é compensado pela deslocação de ar quente/menos frio em trajectórias a maior altitude em direcção aos Pólos.

A circulação geral da atmosfera é, portanto, provocada pelo défice térmico dos Pólos, o que dá origem ao nascimento dos anticiclones móveis polares (AMP) que assumem o principal papel das trocas meridionais entre ar frio e ar quente/menos frio.

A orografia e a rotação da Terra controlam as trajectórias dos AMP e a formação das aglutinações anticiclónicas (AA) que são o resultado da fusão de dois ou mais AMP, como seja, nas latitudes subtropicais (referidas nas teorias clássicas como AST – anticiclones subtropicais).

Além de outras propriedades importantes, as AA subtropicais determinam as entidades físicas da circulação subtropical, como sejam os ventos alísios e a possível transformação destes em monções. O ar tropical que vai a caminho dos Pólos compensa o balanço térmico do sistema Terra – Atmosfera.

A fim de se descrever pormenorizadamente as AA, analisa-se nos posts seguintes, primeiramente, tanto a sua origem como a sua formação que estão ligadas ao deslocamento dos AMP.

Este exercício vai ser realizado perante a realidade das imagens obtidas pelos satélites GOES. A fonte primária é a tese de doutoramento de Emmanuel Barbier “La Dynamique du temps et du climat en Amérique Centrale”, Setembro de 2004. O orientador científico de Barbier foi o Prof. Marcel Leroux.

Para algumas imagens dos satélites será traçada uma figura correspondente a uma carta de superfície.

Estas análises vão permitir avaliar a influência da orografia no deslocamento dos anticiclones móveis polares. Ao mesmo tempo, os leitores vão ter oportunidade de se aproximar da realidade.

Pede-se desculpa pela qualidade de algumas das fotos apresentadas. Apesar desse inconveniente, é possível fazer um exercício de análise vantajoso para a compreensão de um fenómeno que é fundamental para a dinâmica do tempo e do clima.

Sem se apreender o fenómeno das AA não é possível realizar um diagnóstico correcto da situação do estado do tempo, por exemplo, durante as ondas de calor e os períodos de seca metorológica.

sexta-feira, março 05, 2010

A cosmoclimatologia de Svensmark

Este vídeo clip resume a cosmoclimatologia de Svensmark. O vídeo contém extractos do documentário “The Cloud Mystery”.

É possível encomendar o documentário aqui. Do mesmo modo, pode-se conhecer melhor a actividade do Prof. Henrik Svensmark aqui.

No vídeo clip aparece ainda o cosmoclimatologista Nir Shaviv, da Universidade de Jerusalém, que alinha com Svensmark na explicação da interferência dos raios cósmicos na formação das nuvens.

Mitos Climáticos (MC) já teve oportunidade de chamar a atenção para o facto de que “as correlações são um grande mistério” (como se ouve dizer no vídeo clip) que não explicam o fundamental: a circulação geral da atmosfera (ver “As variações da actividade solar”).

MC agradece ao Prof. Paulo Legoinha, do Departamento de Ciências da Terra, da Faculdade de Ciências e Tecnologia, a indicação do vídeo clip. O geólogo Paulo Legoinha é responsável pelo sítio web Geopor.

quarta-feira, março 03, 2010

A história do “vilão” (5)

(continuação)

Conclusão

Resumidamente, é o balanço radiativo solar que faz com que a superfície da Terra e as camadas mais baixas da atmosfera se tornem fontes fundamentais de energia que originam movimentos atmosféricos verticais e horizontais.

Note-se, no entanto, que o esquema radiativo tradicional de Kevin E. Trenberth (valores da figura em W/m2) não tem em conta as trocas meridionais de energia (entre Pólos e Zona Intertropical) que são predominantes na dinâmica do tempo e do clima.

• A superfície da Terra recebe do Sol, em ondas curtas, o dobro da energia da radiação solar que é retida na passagem pela atmosfera (ver esquema KT – “Absorbed by Surface” vs. “Absorbed by Atmosphere”).

A superfície aquecida provoca movimentos verticais de origem térmica, ascendentes e descendentes. A superfície da Terra é capaz de cavar depressões térmicas ou de encher altas pressões, igualmente, térmicas. Consegue-o através de movimentos horizontais de massas de ar.

Todavia, esta capacidade depende das componentes térmicas do substrato existente na troposfera. A capacidade é elevada sobre os continentes e menor sobre as superfícies oceânicas.

• A superfície da Terra aquece as camadas baixas da atmosfera através de transferências verticais (convecção) e por radiação em ondas longas (contra radiação terrestre e contra radiação celeste). A contra radiação celeste deve-se à absorção da radiação por parte dos gases com efeito de estufa.

Estes gases, nomeadamente o vapor de água, estando quase inteiramente concentrados nos níveis inferiores da atmosfera, conferem considerável importância às camadas baixas na acumulação e distribuição da energia sensível e latente.

• A distribuição desigual da energia solar incidente sobre a superfície terrestre está na origem dos movimentos horizontais: devido à existência de duas fontes frias (calotes polares) a atmosfera reparte-se de modo simétrico entre dois hemisférios meteorológicos.

No interior de cada um dos hemisférios meteorológicos a circulação desencadeada nas calotes dirige-se para o equador meteorológico situado no coração da fonte quente (zona intertropical). Em compensação, a zona intertropical envia ar quente em direcção às fontes frias.

A variação sazonal, fraca para a fonte quente, mas forte para as fontes frias, provoca sazonalmente uma modificação cósmica das características de cada hemisfério e uma migração do equador meteorológico em relação ao equador geográfico.

A circulação geral da troposfera e os fenómenos meteorológicos associados resultam da conjunção de factores cósmicos, radiativos e geográficos.

segunda-feira, março 01, 2010

A história do “vilão” (4)

(continuação)

Nascimento da noção de “aquecimento global”

No final da década de 1950, os cientistas absorvidos com o efeito de estufa consideraram-no como uma ameaça real. Esta revisão do pensamento foi devida aos avanços da técnica da espectroscopia do infravermelho.

Gilbert N. Plass, em 1955, mostrou que o CO2 na atmosfera intercepta a radiação infravermelha. Plass estimou que a duplicação da concentração atmosférica de CO2, em relação à da época, conduziria ao aumento de 3,6 ºC. E que uma redução para metade baixaria a temperatura de 3,8 ºC.

Roger R. Revelle e Hans E. Suess, em 1957, mostraram que o tempo de vida médio da molécula de CO2 na atmosfera, antes de ser dissolvida no oceano, é da ordem de 10 anos. Concluíram ainda que “a maior parte do CO2 libertado na combustão de combustíveis fósseis, desde o início da Revolução Industrial, deve ter sido absorvida pelos oceanos”.

Esta visão optimista foi posta em causa quando se verificou que a absorção é menos rápida do que se supunha. Spencer R. Weart, em 1997, concluiu que “80% das emissões de CO2 para a atmosfera vai lá ficar retida”.

No período da reconstrução pós-Guerra Mundial, acentuou-se o pessimismo de alguns cientistas. Passaram para a opinião pública a percepção de que os fumos saídos das fábricas constituíam mais uma poluição perigosa do que o símbolo de prosperidade.

Começou a surgir a noção de alterações climáticas decorrentes da actividade humana. Em 1957-1958, a ONU patrocinou o Ano Geofísico Internacional (AGI), envolvendo programas internacionais de investigação a longo prazo.

Fazendo parte do AGI, Charles D. Keeling efectuou uma série de medições do CO2 atmosférico. O resultado do seu trabalho foi apresentado no artigo “The Concentration and Isotopic Abundances of Carbon Dioxide in the Atmosphere”, Junho de 1960.

Keeling apresentou, na pág. 201 do artigo citado, uma curva com um crescimento contínuo, mas ligeiro, da concentração atmosférica do CO2 ao longo de dois anos. Esta curva tornou-se, com o passar dos anos, “um ícone do efeito de estufa”.

A partir dos anos 1960, a noção de “aquecimento global”, como resultado da actividade humana, aparecia como fundamentada, embora com fortes reservas. Com essa noção, surgia a ideia de uma ameaça à Natureza.

É possível estimar a respectiva importância dos diferentes gases com efeito de estufa que contribuem para este fenómeno atmosférico:

• Uma estimativa preliminar, deixando o vapor de água de fora (como faz, erradamente, o IPCC), o dióxido de carbono seria de longe o gás com maior participação: 72,37 %. Os restantes gases contribuiriam com cerca de 28 %.
• Esta aparente predominância do CO2 é obviamente falsa. A contribuição do CO2 diminui quando se inclui a participação do vapor de água, como se verifica na repartição seguinte:

- Vapor de água......................95,00 %
- Dióxido de carbono (CO2)....3,62 % vs 72,37 %
- Metano (CH4).......................0,36 % vs 7,10 %
- Óxido de azoto (N2O)...........0,95 % vs 19,00 %
- CFC e outros gases................0,07 % vs 1,43 %

Ou seja, o IPCC considera uma atmosfera idealizada sem vapor de água para atingir os seus fins: slogans de um hipotético “aquecimento global” e de hipotéticas “alterações climáticas” devidas às actividades humanas.

Na realidade, o vapor de água representa 95 % do efeito de estufa global. A influência dos outros gases é apenas de 5 %. Considerando a atmosfera real, o dióxido de carbono (natural e antropogénico) não representa mais do que 3,62 % do efeito de estufa global, isto é, 26 vezes menos do que o vapor de água!

(continua)