segunda-feira, abril 12, 2010

Lindzen, o Árctico e o CO2

Richard Lindzen, no dia 10 de Fevereiro de 2010, deu durante cerca de uma hora e meia uma conferência no FermiLab, intitulada The Peculiar Issue of Global Warming. Sugere-se o visionamento da conferência através deste link.

A conferência foi dedicada especialmente à evolução do Árctico. Lindzen demonstrou que a dinâmica do Árctico não tem nada a ver com o efeito de estufa (antropogénico ou natural). Isto é o CO2 não tem influência na evolução do mar gelado do Árctico.

É conhecido que o Árctico é o canário na mina. Ou seja, a sua evolução negativa seria o primeiro indicador do aquecimento global de origem antropogénica. Deste modo, os media e os políticos andam sempre a apontar os holofotes para o Árctico.

Não se deve esquecer o falso problema dos ursos brancos (uma das fantasias predilectas de Al Gore) que, contrariamente ao alarmismo oficial, tem uma população em crescimento em vez do inverso.

Desde que se demitiu de colaborador principal do IPCC – acusando esta organização de ser política em vez de científica –, Richard Lindzen esforça-se por introduzir racionalidade no debate deste tema.

É importante ler os diapositivos que suportaram a conferência do Prof. Richard Lindzen. Num dos primeiros lê-se:

The focus on CO2 driven warming has undoubtedly inhibited progress on understanding climate. The following slides show how this occurs. They show daily arctic temperatures for each day available from reanalyses since 1958. They also show the average temperatures for each day.

If one focuses on variations in annually averaged temperatures, one misses some crucial information, and that information tells us quite a lot.

Lindzen apresenta variações das temperaturas do Árctico dia-a-dia de um ano inteiro. Para diferentes anos. Foram publicadas pelo “Center for Ocean and Ice” do Instituto de Meteorologia da Dinamarca (DMI).

Apresenta-se na Fig. 199 um gráfico DMI a título de exemplo. Note-se que o eixo vertical está graduado em kelvin que é a unidade de temperatura termodinâmica. O kelvin (símbolo K) – não se diz “graus Kelvin”. (*)

Lindzen salienta que as temperaturas de Verão não variam muito de um ano para outro. No entanto, no Inverno observam-se enormes variações que podem atingir 20 ºC! Mas, diz Lindzen, algumas vezes estas variações são grandes e outras são pequenas. O comportamento não é repetitivo.

No sitio web DMI (COI) é possível confirmar as afirmações de Richard Lindzen acedendo a todas as curvas da temperatura desde 1958. Existe uma tabela que facilita este acesso. Deve-se clicar em cada ano 1958 … 2010.

Lindzen mostrou detalhadamente os gráficos de 1960, 1970, 1980 e 1990. Observou que o comportamento é semelhante ao descrito nos diapositivos anteriores. O Prof. nota mesmo que: Focusing on the small residues of these large changes misses some crucial aspects of the physics. Lindzen acrescenta:

What the previous slides illustrate is that during summers, when there is sunlight, temperatures are largely determined by local radiative balance. However, during the winter night, temperatures would be even colder than they are but for the transport of heat from low latitudes. This transport is by the turbulent eddies or storms. Understanding arctic temperatures must involve understanding why these storms erratically penetrate to the arctic. Judging from the behaviour of summer temperatures, CO2 is not obviously a major player.

Eis a explicação de Richard Lindzen que corresponde ao retorno do ar quente/menos frio que é forçado pelos anticiclones móveis polares. O ar vai ter com o mar gelado nos contornos exteriores do Árctico. O CO2 é um actor desprezável nesta evolução.

Lindzen referiu-se, com humor, ao alarme da opinião pública americana, lançado em 1922. Foi quando o US Weather Bureau anotou uma situação do Árctico como perigosa, com gelo cada vez mais raro e com focas a nadar em águas quentes…

Afirmou que o Árctico é manifestamente variável. E, reafirmou que o factor principal que determina a evolução da extensão do mar gelado é o vento (ar de retorno) que, vindo do Sul, é canalizado para os contornos do mar árctico.

Um pouco mais à frente, no decorrer desta conferência, Lindzen apresentou os seus cálculos quanto às diferenças entre os fluxos de ondas curtas que saem pelo topo da atmosfera indicados pelos modelos e medidos por diferentes sistemas (ERBE, CERES).

Na sua análise, Lindzen teve em consideração um artigo de Trenberth (autor principal do esquema idealizado para o balanço radiativo). Porém, esse artigo em nada alterou as conclusões da sua conferência: os modelos e a realidade (observações) divergem…
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(*) Unidade de temperatura termodinâmica. O kelvin (símbolo K) – não se diz graus Kelvin – é a fracção 1/273,16 da temperatura termodinâmica do ponto triplo da água.

Designa-se por “ponto triplo” de uma substância a situação de equilíbrio termodinâmico em que se observa a coexistência das três fases (sólido, líquido e gás) dessa substância.

O ponto triplo da água é usado para definir o kelvin (símbolo K), a unidade de temperatura do Sistema Internacional de Unidades (SI).

Na escala Kelvin o ponto triplo da água corresponde a 273,16 K e na escala Celsius a 0,01 ºC, valores precisos, que não resultam de medições, mas sim de uma convenção.

O ponto de fusão do gelo, que já resulta de uma medição, tem o valor aproximado de 273,15 K na escala Kelvin e de 0 ºC na escala Celsius.