sexta-feira, maio 07, 2010

Inverno 2009-2010 (2)

[Tradução de parte da análise de Jean Martin]

(continuação)

2) As estações de rádio e de televisão, alguns jornalistas que se ocupam da ciência, mesmo alguns cientistas afirmaram que este Inverno, particularmente abundante em neve, esteve totalmente de acordo com predições (cenários, previsões) de modelos climáticos que, de facto, previam o contrário.

Resumidamente, segundo eles, aquecimento global → mais evaporação dos oceanos, portanto, mais humidade e, consequentemente, mais neve no Inverno… Notemos que também se afirma, sem complexos, que o aquecimento global induz mais secas. O que está manifestamente em contradição com as observações.

Então o que se passou exactamente? Observou-se que o aquecimento global induziu “mais neve no Inverno”? O que, diga-se de passagem, é uma afirmação que entra directamente em contradição com as predições (cenários, previsões) do IPCC.

De facto, o IPCC anunciou (AR4-WGII) [quarto relatório de avaliação – grupo de trabalho II, 2007] que seria necessário encerrar as estâncias de esqui muito procuradas pelos nossos contemporâneos … por falta de neve (!).

Steve Goddard, autor convidado por Anthony Watts – o meteorologista de reconhecido mérito, autor do famoso blogue WUWT – teve a boa ideia de consultar as bases de dados da Rutgers University.

Esta base de dados é uma (se não a) base de dados de referência mundial sobre as camadas de neve depositadas nos solos. Vai daí, relativamente ao Inverno boreal, interessa-nos saber o que se passou no Hemisfério Norte.

Na Fig. JM1 estão registadas as superfícies da neve caída no solo (de Dezembro a Fevereiro) para o Hemisfério Norte em médias decenais a partir de 1967, de acordo com a base de dados da Universidade de Rutgers.

Esta base de dados indica-nos 4 Invernos com maior queda de neve, por ordem decrescente: 1978, 2010, 2008, 2003. A terceira semana de Fevereiro de 2010, com uma cobertura de 52 170 000 km2, foi a segunda na lista das 2229 semanas.

De notar que os anos 1967-1976 foram particularmente frios a ponto de terem suscitado a inquietude de algumas pessoas sobre a possível entrada numa nova pequena idade do gelo. Não foram apenas os jornalistas a inquietarem-se. Houve mais: Paul Ehrlich, Stephen Schneider e a Academia das Ciências dos EUA!

Ora, é actualmente difícil de entender os “cronistas” a recordar-nos sem cessar que o decénio que vivemos é o mais quente desde (a acreditar neles) … a noite dos tempos!

Como se pode verificar, os períodos onde a queda de neve foi mais marcada foram, simultaneamente, tanto os períodos mais frios (1967-1980) como os mais quentes (2001-2010).
Nestas condições, afirmar que o aquecimento global nos acarreta mais neve, ou nos priva dela, realça uma imaginação pura e simples e não uma observação objectiva. E as observações foram efectuadas durante um período de 33 anos. Ora, 33 anos são, ao que parece, um período que distingue a climatologia da meteorologia.

Ninguém pode prever o futuro pelo que as previsões de certas pessoas, que nos anunciam que “os nossos descendentes não saberão o que é a neve”, tal como as daquelas que nos anunciam que “vamos fritar como numa frigideira”, parecem-me mal feitas no dealbar do século XXI.

Por outro lado, os muito mal informados que assinam petições contra aqueles que duvidam e desejam saber mais acerca do aquecimento global “antropogénico”, dizem-nos [veja-se Michel Petit, um aquecimentista pretensioso]:

“Bem, outros indicadores, que não a temperatura média global, confirmam o aquecimento global: … (tais como) a diminuição da queda de neve no Hemisfério Norte”. Assim, segundo eles, a queda de neve teria diminuído no Hemisfério Norte?

Vamos analisar com dados oficiais [base de dados] que toda a gente pode consultar no sítio web da Rutgers University. Eis o gráfico integral traçado a partir dessa base de dados sem qualquer ajustamento: Fig. JM2.

Na Fig. JM2, indica-se: - A verde, a extensão total da superfície de neve caída no Hemisfério Norte entre 1967 e 2010 (Março incluído); - A azul, as variações; - Os dados são mensais. Verifica-se a existência de oscilações da superfície de neve caída no Hemisfério Norte entre os Invernos e os Verões sucessivos.

Mas onde está então “a diminuição da queda de neve no Hemisfério Norte” que seria, segundo o tal sítio web, uma das manifestações evidentes do aquecimento global antropogénico?

Francamente, a queda de neve global no Hemisfério Norte tem um aspecto bem uniforme, pelo menos desde 1967, não é verdade? (Nota: para confirmar, é bom seguir a marcação de uma linha horizontal para os máximos (Inverno) e de outra para os mínimos (Verão), com o auxílio de uma régua)

[Jean Martin termina o ponto 2 com o mito do aquecimento global de Vénus devido ao CO2. Al Gore, no livro de ficção científica “Uma verdade Inconveniente”, também afirma esta tolice a par de outras.]

(continua)